HISTÓRIA

A cidade de Macapá, atual capital do Estado do Amapá, já nasceu com um instinto guerreiro. Seus primeiros habitantes foram casais de açorianos que chegaram à Costa de Macapá, como era então chamado o canal norte do rio Amazonas, em 1751, depois de enfrentar uma longa e arriscada viagem através dos rios. Além da coragem, levavam com eles também a obrigação de colonizar o local e, para consolidar o domínio de Portugal, tinham que impedir a entrada de invasores holandeses, irlandeses, ingleses e, principalmente, franceses.

Treze anos mais tarde, começa a ser construída a Fortaleza de São José . Os negros que trabalharam na obra fundaram um quilombo que deu origem a Vila de Curiaú onde hoje vivem apenas descendentes desses escravos que mantiveram as tradições de seus ancestrais. Macapá é cortada pela Linha do Equador e dá ao turista a exata sensação do que é estar no meio do mundo.

 

A IGREJA DE SÃO JOSÉ DE MACAPÁ

A origem da Igreja está ligada à origem da própria Vila de São José de Macapá, fundada pelo então governador da Capitania do Grão-Pará, FRANCISCO XAVIER DE MENDOÇA FURTADO, em 1758.Estabelecida a Vila, ao mesmo tempo foi criada a paróquia do mesmo nome, pelo Bispo FREI MIGUEL DE BULHÕES e lançada sua pedra fundamental, pelo primeiro vigário da paróquia Pe. ÂNGELO DE MORAIS.

As plantas da Igreja foram traçadas pelo sargento-mor MANOEL PEREIRA DE ABREU e aprovadas pelo engenheiro ANTÔNIO JOSÉ LANDI, QUE acompanhava o governador da capitania, em seus trabalhos de demarcação do espaço português, na região.

A inauguração da Igreja foi em 06 de março de 1761 e sua construção é um exemplo do estilo de arquitetura que os jesuítas trouxeram da Europa, ainda no século XVI. Algumas modificações, na estrutura do prédio, foram realizadas após a chegada dos padres do PIME(Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras), em 1948.

A localização da Igreja está no que seus antigos moradores chamam de "Beco do formigueiro", pois, na época em que Macapá era apenas um povoado, lá existia um imenso formigueiro. Hoje, o Beco do Formigueiro, chama-se passagem Barão do Rio Branco.

Sendo um testemunho vivo da Cidade de Macapá e também da história da Amazônia, para se compreender sua importância, faz-se necessário o entendimento do que seja uma fortificação e a significação dela, numa disputa pelo territorial brasileiro, por parte de vária nações européias.

A Fortaleza de São José de Macapá está localizada na Foz do Rio Amazonas, bem à frente da Cidade de Macapá e tem como função garantir o domínio lusitano no extremo norte do Brasil, cujo espaço territorial à época não tinha contorno físico definido.

As questões referente as fronteiras na região do Cabo Norte eram, para Portugal, motivos de grandes conflitos com outras nações, européias, como a Inglaterra, a Holanda, a Espanha, e a França, que também se lançaram na política de expansão territorial e algumas delas já praticavam o comércio com os índios da região.

A introdução dessas Nações Européias no espaço territorial, considerado por Portugal como seu, compreendia a margem guianesa do rio Amazonas, desde o Peru até a foz, nas cabeceiras do rio Araguari. Essas pretensões, exigiram de Portugal medidas práticas de segurança e de controle sobre esta região que, logo, mandou construir um rede de fortificações, para assim garantir a posse e o domínio no extremo norte.

Com a política de povoamento do Governo do Marquês de Pombal, foi organizada uma expedição, sob o comando do sargento-mor João Batista do Livramento, em 1751 com objetivo de fundar a Vila de São José de Macapá em um grande centro agrícola desenvolvido, além de propiciar a sobrevivência desses colonos e conserva o espaço territorial sob domínio da coroa portuguesa.

Mas, somente em 1764, quando a capitania estava sob o governo de FERNANDO DA COSTA ATAÍDE TEIVE, é que o engenheiro HENRIQUE GALLÚCIO vem elaborar o plano para a construção da Fortaleza, e, em 29 de junho é lançada a primeira pedra do baluarte São Pedro.

A construção levou 18 anos para a conclusão (1764-1782) e centenas de trabalhadores escravos foram utilizados nessa obra estratégica. Uma arquitetura militar com forte influência francesa, que contava com um moderno sistema de defesa o qual permitia o tiro de canhão à flor do solo, o que não acontecia nas fortaleza e castelos altos, tendo ainda, edifícios à prova de bombas.

A organização do trabalho era extremamente repressiva e violenta, para obrigar a mão-de-obra escreva a executar todas as tarefas penosas, pelo pouco conhecimento técnico sobre a moderna tecnologia arquitetônica.

HENRIQUE GALLÚCIO, autor da grande obra, faleceu em 1769, assumindo os trabalhos o engenheiro JOÃO GRENFELDS.

Com a Independência do Brasil em 1822, o Governo do Império relegou ao esquecimento e ao abandono, esta obra, fruto do trabalho de negros, índios e brancos. Neste período, a Fortaleza chegou a servir de curral de animais e seu arquivo extraviou-se no tempo. Assim ficou a Fortaleza nos anos do Império e dos primeiros anos de República.

Somente com a criação do território Federal do Amapá, em 1943, JANARY GENTIL NUNES, seu primeiro governador, é que vai dar importância para esta obra de extrema contribuição para a história local, vindo esta, posteriormente, sofrer reformas e adaptações. De escolas de Artífices, Quartel da Guarda Territorial, Oficinas da Imprensa Oficial, Museu, abrigo da Banda de música da Polícia Militar, ultimamente ela é administrada pelo Departamento de Cultura da Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esporte.

Visando a importância de conservação, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN, através do processo nº 423, de 23 de março de 1950, inscreveu em seu Livro de Tombo Histórico, a Fortaleza de São José. O fato de um monumento ser "Tombado", objetiva a preservação de um passado histórico comum a todas, para que, com o passar do tempo, esses testemunhos possam permanecer na Identidade Cultural do povo e receberem a atenção especial do poder público, não podendo mais ser destruído sob qualquer pretexto.

 

A VILA DO CURIAÚ

Tendo o nome se originado dos termos CRIA (de CRIAR) e MÚ (de GADO, convergido o vocábulo para CRIA-MÚ e posteriormente CRIA-MÚ a Vila de curiaú, situa-se a 08 Km de Macapá e se lança no Amazonas, localização esta de fundamental importância histórica.

Em 1761, o governador da capitania do Grão-Pará Maranhão, MANOEL BERNARDO MELO E CASTRO, ordenou que fosse levantada uma "VIGIA", à margem direta do Igarapé, na confluência com o Amazonas, Na guarita havia uma sentinela, dia e noite, a que competia avisar o Comandante da Praça da Fortaleza logo que visse, subir ou descer o rio, alguma embarcação de pequeno porte. Estes sinais seriam repetidos, com intervalos até que a Fortaleza de Macapá içasse, de dia a bandeira acompanhada de um tiro de canhão e à noite desse a resposta, queimando, a seguir, uma chucharra*. Em qualquer dos casos, partiam logo em seguida a levar, pessoalmente, o aviso até à Fortaleza, dois soldados: um por terra, a cavalo e outro pelo rio.

Hoje, a Vila de Curiaú é considerado um Sítio Histórico e Ecológico, cuja população é constituída de negros remanescentes de escravos. Existem várias versões sobre a origem da Vila. Segundo o senhor RAIMUNDO SÉRGIO RAMOS, conhecido como SEU MEN, um dos mais antigos moradores, sua origem deve-se ao Senhor MIRANDA, que trouxe consigo sete escravos do nordeste. Chegaram pelo rio Pedreira, FRANCISCO INÁCIO, um dos escravos, quando em busca de alimentos, descobriu o lago; e garantindo de que o lugar era próprio para sobrevivência, construíram suas casas. Daí a gleba do Curiaú ser de todos.

FERNANDO CANTO, pesquisador amapaense, relatada que seu habitantes são remanescente de escravos que, ali, originariamente, formaram um quilômbo, fugindo dos maus tratos aos quais eram submetidos durante a construção da Fortaleza de São José de Macapá.

A comunidade do Curiaú é constituída por dois núcleos populacionais, o CURIAÚ DE DENTRO e o CURIAÚ DE FORA, que aglomeraram várias famílias, ligadas, entre si , por laços de sangue ou por afinidades. Vivem de uma agricultura de subsistência, do extrativismo vegetal e animal. Socialmente, a comunidade é ligada pela solidariedade que une seus habitantes na agricultura.

O Curiaú e também um Sítio História, pela sua cultural popular, pelas suas festas tradicionais e por representarem uma parte do complexo cultural do Estado do Amapá.

 

INTENDÊNCIA DE MACAPÁ

A cidade de Macapá possuiu, outrora, uma Intendência, transformada em Patrimônio Histórico - Cultural da Cidade, localizada à Rua Mário Cruz,17,esquina com a Rua Independência. Este prédio foi construído em 1895 na administração do Intendente Coronel CORIOLANDO JUCÁ, servindo a outros administradores. O último Intendente foi OTÁVIO ALCIR RAMOS.

Intendência é um edifício ou repartição, onde o Intendente exerce suas funções. O Intendente é uma pessoa que administra ou dirige alguma coisa e que, hoje, corresponde ao cargo de Prefeito Municipal.

Em 1932, o prédio foi reformado para funcionar a Prefeitura Municipal de Macapá, sendo Governador do Estado do Pará o Senhor Major JOAQUIM MAGALHÃES CARDOSO BARATA e Prefeito Municipal o Major ELIEZER LEVY. No mesmo prédio, funcionava, do lado direito, a Prefeitura Municipal de Macapá e, do lado esquerdo, a Secretaria de Obras Públicas do Território do Amapá. Com o crescimento estrutural da Prefeitura, o Senhor Prefeito solicitou a desocupação daquela parte. Assim, a Prefeitura passou a funcionar em todo o prédio.

 

A INTERVENÇÃO DA CIA. DE ELETRICIDADE DO AMAPÁ E A MUDANÇA NA SEDE DA PREFEITURA

Com a nomeação de RENE AZEVEDO LIMONCHI para o cargo de Prefeito Municipal de Macapá e UADIR CHARONE, para o cargo de Secretário de Administração, o Governador da época Coronel LUIZ MENDES DA SILVA, resolveu fazer uma intervenção na Companhia de Eletricidade do Amapá, quando a mesma passou a funcionar sob a Administração da Prefeitura Municipal de Macapá.

 O que é Intervenção?

Intervenção: é a ação direta do Presidente da República em um Estado da Federação, em período de anormalidades, ou do Governador do Estado ou Território em setores da administração.

Tendo em vista o fato acima, a Prefeitura passou a funcionar no prédio da referida Companhia, ficando o prédio da Prefeitura passou a funcionar no prédio da referida Companhia, ficando o prédio da Prefeitura desativado.

 

A SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA

Posteriormente, por ordem do Excelentíssimo Senhor Governador, o prédio foi ocupado pela Secretaria de Segurança Pública, que ali permaneceu, até a construção do Centro Cívico, pelo Governador IVANHOÉ GONÇALVES MARTINS.

 

A PROCURADORIA GERAL DO GOVERNO DO ESTADO

Com a instalação do Comandante ANNÍBAL BARCELLOS em 1985, foram efetuadas reformas e adaptação no prédio que passou a ser ocupado pela Procuradoria Geral do Governo do Amapá a qual permaneceu até a inauguração de sua sede própria.

Atualmente o prédio foi restaurado e adaptado museologicamente para funcionar o Museu Histórico do Amapá "Joaquim Caetano da Silva"

PRAÇA DE SÃO SEBASTIÃO

A Praça de São Sebastião está situada à frente da Igreja de São José. É conhecida hoje como Praça Veiga Cabral. Esta praça representa início da história da cidade, pois, ali, foi o local da celebração das primeiras cerimônias oficias, como a instalação oficial da Vila de São Sebastião José de Macapá, em 04 de fevereiro de 1758; bem como, a celebração das cerimônias de lançamento da pedra fundamental da Igreja de São José de Macapá.

 

PRAÇA BARÃO DO RIO BRANCO

Está localizada na Av. FAB, entre as Ruas São José, Cândido Mendes e Coriolano Jucá.

A Praça Barão do Rio Branco, recebeu esta denominação em homenagem ao Barão do Rio Branco, grande defensor do Amapá nas questões de fronteiras.

Inaugurada em 1º de dezembro de 1950, é uma praça arborizada e utilizada pelos jovens da cidade, como lazer.

Quando a praça estava sendo construída foram encontradas peças arqueológicas contendo restos de um povo, que por muito tempo habitou esse lugar.

 

PEDRA DO GUINDASTE

É um monumento localizado em frente à cidade, ao lado do trapiche, dentro do Rio Amazonas. Sobre esta pedra encontra-se a imagem de São José, Padroeiro da Cidade de Macapá. A imagem é um trabalho do escultor RAIMUNDO COSTA.

O "Guindaste", como foi denominada antigamente, continua a desafiar o próprio tempo. Sua forma original fora transformada pela violenta colisão com um barco de passageiros e pelo embate das águas.

O monumento tem servido, ao longo do tempo, de fonte de inspiração a poetas e pintores, além do belo espetáculo aos olhos dos visitantes.

 

MONUMENTO AO MARCO ZERO DO EQUADOR

O Equador é uma linha imaginária que divide a Terra em dois hemisférios: Hemisfério Norte e Hemisfério Sul.

Hemisfério, significa metade de uma esfera, cada uma das partes que a Terra é, imaginariamente, dividida pela linha do Equador.

O Marco Zero do Equador é um monumento que está localizado a aproximadamente 4 km da Fortaleza de São José de Macapá, no hemisfério norte; cerca de 17 Km do porto de Santana, no hemisfério sul e, a 2 Km do centro da cidade de Macapá.

É um complexo turístico de Macapá, com restaurante, boite e parque infantil, aberto todos os dias.

 

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Revisado em: 15 junho, 2000 .